O Terceiro Mundo não deve se contentar em difinir-se em relação a valores que o precederam. Os países subdesenvolvidos, ao contrário, devem esforçar-se para criar valores que lhes sejam próprios, métodos, um estilo que lhes sejam específicos FANON [2002]
Acerca de mais ou menos de seis anos, após uma longa jornada em busca do livro Biko, estava eu imerso nas páginas do mesmo, quando me deparei com a seguinte frase “por mais que falemos a sua língua, os nossos códigos lingüísticos, símbolos e representações são outros, por isso estamos em desvantagem”. Logo o “pós-colonializado” nunca se reconheceu como si próprio, como poderiam se auto-reconhecer, pois isso é impossível, até que inventem termos originais. Enquanto se contentarem em serem tratados e chamados pelos termos de eurocêntricos, serão incapazes de ser qualquer coisa, a não ser por meio de representações sociais euro-cêntricas é logo tapeado por nós[1] (MOSCOVICI, 2003, pp. 10, 21). A pior herança dos povos afro-africanos, do período do avassalamento[2] bio-físico e agora psíquico por des-colonizar é a programação cognitiva que até hoje os mata. Dessa forma, se faz necessário um real processo de des-civilização e conversão psíquica do homem afro-africano sendo este o caminho para real libertação. Percebi logo quão difícil e complexo para um afro-africano viver em um mundo dominado por representações, imaginário e estética euro-européia: em primeiro lugar pela falta de uma auto-fala e pelas representações criadas sobre si mesmo, fruto do imaginário euro-europeu racialista e racista; em segundo, por viver em sociedades multi-étnicos-raciais “pós-escravismo” e “pós-colonialismo” e preso em redes de relações raciais semi-pacificas, controladas por normas cristalizadoras de representações psico-negativas.
Nossas experiências e idéias passadas não são experiências ou idéias mortas, mas continuam a ser ativadas, a mudar e infiltrar nossa experiência e idéias atuais. Sob muitos aspectos, o passado é mais real que o presente. O poder e a claridade peculiares das representações – isto é, das representações sociais – deriva do sucesso com que elas controlam a realidade de hoje através da de ontem e da continuidade que isso pressupõe MOSCOVICI [2003]
O afro-africano sofreu a des-legitimação[3] político-psico-sócio-cultural e o epistemicídio euro-europeu, em relação a seu próprio imaginário sócio-cultural e contribuição intelectual e cultural milenar para a arte, filosofia e ciência. Desenraizados, perseguidos, frustrados e condenados a assistirem a dissolução das verdades nas quais sempre acreditaram. Como resultado dessa antinomia (a busca de um ISO e a negação do mesmo pelo eu hegemônico apesar de ser certificado pela branquidade) que coexiste com o homem afro-africano. Podemos tirar duas conclusões: que os brancos consideram-se superiores aos afro-africanos e que os afro-africanos desejam provar ao euro-europeu, a todo custo, o igual valor de seu intelecto. Tal provação levou e leva a um sofrimento vivenciado que atravessa os mecanismos psicológicos, a psíque do afro-africano que, assim como de todo e qualquer ser humano, tem funcionando em si. Esse sofrimento se mostra inconsciente e poderosamente ativo, porque instalado nas sombras do desconhecido. Porém, apesar de a psique humana trabalhar da mesma maneira, existem diferenças que se dão devidas a ordens e/ou fatores diversos. Fator genético que dá a cada um diferenças na percepção, desde a mais tenra idade, os relacionamentos que levam a cada pessoa, com singularidade, a inscrição em crianças dos traços da sua cultura étnica e fatores sociais que influenciam de forma decisiva, através de professores, médicos, chefes, artistas, psicólogos, padres (aparelhos ideológicos de Estado) e etc., elementos que colocarão o modo de ver o mundo, geralmente já perpassado pela visão de mundo da classe dominante (hegemônica).
São esses aparelhos chamados aparelhos ideológicos de Estado. Esse quadro complexo e sutil vai, aos poucos, sendo introjetado pela pessoa, na medida em que a repetição dos pontos de vista, das normas, faz com que ela sinta a pressão do grupo circundante e dominante ANDRADE [ ]
O euro-europeu dominador[4] quebrou a coluna dorsal do povo afro-africano dominado e oprimido, ou seja, os elementos essenciais para a manutenção do ser do povo afro-africano — sua cultura e religião. Essa violência tem levado o homem africano, tanto em África quanto na Diáspora, a lutar e buscar reconhecimento, e certificação ISO[5], aprovação ou aval por parte do euro-europeu, para se sentir realizado ou capaz. Fanon adequadamente coloca:
O homem só é humano na medida em que ele quer se impor a um outro homem, a fim de ser reconhecido. Enquanto ele não é efetivamente reconhecido pelo outro, é este outro que permanece o tema de sua ação. É deste outro, do reconhecimento por este outro que dependem seu valor e sua realidade humana. É neste outro que se condensa o sentido de sua vida FANON [2008]
Levando o próprio afro-africano a um comportamento psico-patológico em todos os âmbitos e sentidos, aprofundando e clivando as sócio-patologias, convertendo-as nas psico-sociopatologias introjetadas[6] e naturalizadas como constitutivos do próprio sujeito afro-africano[7]. Para Fanon (2008), o preto tem duas dimensões. Uma com o seu semelhante e outra com o branco. Um preto comporta-se diferentemente com o branco e com outro preto. Não há dúvida de que esta cissiparidade é uma conseqüência direta da aventura colonial. Ninguém pensa em contestar que ela alimenta sua veia principal no coração das diversas teorias que fizeram do preto o meio do caminho no desenvolvimento do macaco até o homem. Assim o afro-africano se apresenta e vive de comparação, há uma preocupação constante com a autovalorização e com o ideal de ego. Sempre que entra em contato com um outro semelhante, advêm questões de valor e mérito. Humilhando o seu semelhante de diversas formas, constituindo-se assim ele mesmo um “homicida”.
Tentem compreender o “sentido” e a direção dos fenômenos mórbidos sem levar em consideração este objetivo final, e vocês se encontrarão logo diante de uma multidão caótica de tendências, impulsos, fraquezas e anomalias, feita para desencorajar uns e suscitar em outros o desejo temerário de penetrar, custe o que custar, nas trevas, arriscando-se a voltar com as mãos vazias ou com um despojo FANON [2008]
Assim após a aceitação dos preconceitos do Eu hegemônico, o afro-africano, em posse de tal introjeção, ataca com ferocidade a sua psico-somatología com a intenção de aniquilar e destruir sua auto-imagem e corpo, que leva a uma forma negativa de expressar seu valor. Este fenômeno é facilmente observado nos homens de cor com algum tipo de sucesso: financeiro, econômico, social, intelectual, esportivo, artístico, etc. Daí vemos geralmente os pretos intelectuais criarem escolas nos moldes ocidentais, lecionarem tendendo a ser mais exigentes, lutam para demonstrar uma erudição que chega ao ridículo. A dominação e o conhecer profundamente as teorias e conceitos postulados ocidentais converte-se na primeira arma para desqualificar e provocar seu auto epistemicídio. Sendo assim, no afro-africano civilizado a estupefação chega ao cúmulo, pois ele está perfeitamente adaptado. Com ele o jogo não é mais possível, é uma perfeita réplica do euro-européu. Chegando a realizarem exibições de citações de intelectuais brancos, diante de uma platéia branca e entre os seus não instruídos, criando a imagem do reconhecido e vitorioso na luta pelo ideal de ego euro-européu, e os com sucesso econômico-financeiro em especial a se tornarem consumistas de primeira ordem e grandeza e valorizando um status corrompido do ser homem de cor.
Para entendermos como tais construções ocorrem, o caminho lógico é examinar a linguagem, na medida em que é a partir dela que criamos e vivenciamos os significados. Na linguagem está a promessa do reconhecimento; dominar a linguagem, um certo idioma, é assumir a identidade da cultura. A questão da língua também levanta outras questões mais radicais sobre seu papel na formação dos sujeitos. Assim, todo povo colonizado – isto é, todo povo no seio do qual nasceu um complexo de inferioridade devido ao sepultamento de sua originalidade cultural – toma posição diante da linguagem da nação civilizadora isto é, da cultura metropolitana” FANON [2008]
O europeu ou o branco em África como em todos os lugares, que por uso de um belíssimo onde o dialogo não é cogitado[8] conquistou na era moderna, acabou por se transformar no autóctone e transformando o autóctone em o estrangeiro o Outro. Des-legitimando os direitos naturais de quem encontrou na parcela geográfica e legitimando seus atos sobre os membros da sociedade em que se tem o novo domínio bélico. Passando a legitimar com a promoção da civilização européia todo seu ato contra o Outro, neste caso o autóctone, não devemos esquecer que o branco é o forasteiro, o estrangeiro, o que veio saquear e seqüestrar. Assim permaneceu de forma clara e aberta até as independências, em África e no resto do mundo colonizado, e permanece por meio de novos mecanismos de dominação obscuro em nossos dias sua condição de espoliador. O preto africano, como espoliado, permaneceu e permanece espoliado, não mais de forma física, e sim psíquica, logo, carrega em si elementos, símbolos, significâncias que o levam sempre a exaltar de alguma forma a Europa e o euro-europeu e os indivíduos que mais se aproximam fenotipicamente ao branco (fruto de cruzamentos étnico-raciais branco com outros grupos raciais). Com isso a naturalização da auto-negação e flagelo, tornam-se algo natural: como alisar um cabelo, refinar o nariz, preferir os nomes e línguas européias, vestimentas, termos preferência em se relacionar com branca (o)s e na falta os mulatos-mestiços.
O euro-europeu espoliador, detentor de poder, adota, segundo suas necessidades, o procedimento de controle da produção coletiva, sem abordarem diretamente os usos e costumes do povo dominado, extraindo “somente” o produto do trabalho alheio ou, o que tem sido encontrado amiúde, a dominação econômica, política e cultural/religiosa. É este o processo de sonegação do direito à auto-afirmação, fruto de um processo de des-legitimação político-sócio-cultural em relação à África e ao afro-africanos.
O peso de sua historia dos costumes e conteúdo cumulativo nos confronta com toda a resistência de um objeto material. Talvez seja uma resistência ainda maior, pois o que é invisível é inevitavelmente mais difícil de superar do que o que é visível MOSCOVICI [2003]
A conversão[9] é então entendida como um processo de tornar-se diferente do que era sem deixar de ser o que foi.[10] A colonização apresentada como um dever, invocando a missão civilizadora do Ocidente, competia à responsabilidade de levar o africano ao nível dos outros homens (o euro-europeu). Tal clima de alienação atingirá, profundamente, o preto, em particular o instruído, que tem assim ocasião de perceber a idéia que o mundo ocidental fazia dele e de seu povo. Na seqüência, perde a confiança em suas possibilidades e nas de sua raça, e assume os preconceitos criados contra ele. É nesse contexto que nasce a negritude. Era tempo de buscar outros caminhos. A situação do negro reclama uma ruptura e não um compromisso. Ela passará pela revolta, compreendendo que a verdadeira solução dos problemas não consiste em maquiar-se de branco, mas em lutar para quebrar as barreiras sociais que o impedem de ingressar na categoria dos homens.
Em meio a esse processo de libertação, assiste-se a uma mudança de termos, pois abandona a assimilação e a liberação do negro se da pela busca de uma certificação Ori[11] que o torna preto, efutua-se pela reconquista de si e de uma dignidade autônoma. O esforço para alcançar o branco exige total auto-rejeição; negar o europeu será o prelúdio indispensável à retomada de uma condição anterior a des-legitimação sofrida. É preciso desembaraçar-se desta imagem acusatória e destruidora, atacar de frente a opressão, já que é impossível contorná-la. Aceitando-se, o preto afirma-se cultural, moral, física e psiquicamente. Ele assumirá a cor negada e verá nela traços de beleza e de feiúra, como qualquer ser humano “normal”.[12] A tomada de posição ideológica, a conversão psíquica em relação à ancestralidade africana e herança dos processos psíquicos[13] histórico-social, a auto-definição e novas representações sociais criadas para si dentro do ideal de ego afro-africano, além da crítica em relação a essa des-legitimação, usando a legitimação para des-legitimizar a des-legitimação oficial do Estado e seus aparelhos de controle (AIE) [14].
Uma forma de expressar a visão que essas relações para com o Outro parecem alimentar seria dizer que ele nega os estereótipos, as exclusões, a dominação que visam o Outro. Seria demasiado longo explicar aqui, mas serio que o, em todas as circunstâncias, o Outro está exatamente ausente ou invisível. Eu prefiro dizer que são representações sociais, pois se julgamos verdadeiras ou falsas, é sempre com relação a uma norma que admitimos e consideramos lícita (MOSCOVICI In: ARRUDA, Ângela (org)., 2002, pp. 8-9).
Por: Nkuwu-a-Ntynu Mbuta Zawua
[1] O euro-europeu hegemônico liberal ou progrecista apesar de seu interesse e suposto defensor das lutas e causas dos afro-africanos. E este defensor é o próprio obstáculo epistemológico, pois é parte do sistema de dominação, assim como foram os emancipacionistas e maioria dos abolocionistas. O afro-africano diante do nós é aprisionado por querer uma fala menos universal e, mas de recorte étnico nas soluções de problemas que se apresentam universais, mas de características específicas e atuam de forma específica no tecido social, das sociedades multirraciais e étnicas, logo o afro-africano fica em situação de inércia. Este mecanismo de controle do nós é quase que automático por parte do homem vivent na branquidade, o torna incapaz de se liberar de sua herança hegemônico e viver de acordo com seus ideais, por se dar na esfera da psico-histórica.
[2] Segundo Sidi Askofaré, dos procedimentos simbólicos do avassalamento resultam um tipo de dominação real do corpo que teve de ser apoiada em uma dominação simbólica, política, ideológica e em uma repressão social do reprimido. A característica fundamental da repressão não é que destrói ou suprime o que sucumbe à ela, mas que mantém isolado o que sucumbiu, ao tempo em que conserva seu poder atividade, efetividade e eficácia. Por isso, não existe repressão sem retorno do reprimido. Daí os sintomas que dizem a seu modo o que não pode ser dito, formulado, liberado ou reconhecido (ASKOFARÉ apud GERBASE, 2008).
[3] De desligar, desunir-se, quebrar a aliança do legítimo que dá o reconhecimento como legítimo ou autêntico, tirando assim a qualidade e o reconhecimento do legítimo. A escolha do termo des-legitimação para explicar o desligamento de manifestações e criações fruto do espírito humano. Des-legitimação é o processo de perda da identidade étnica (da essência daquilo que é indivisível) por meio da simbologização que nacionaliza (universaliza a cultura como ferramenta para o apagamento de uma memória coletiva e individual, fenotipização e fenogonização), que naturalizão manifestações e ou criações matricialmente étnicas. Imposta pelo dominador, onde o criador perde a legitimação e o dominador apresenta-se como criador de algo que nunca criou, acabando assim por se transformar no autóctone e transformando o autóctone em o estrangeiro, ou melhor, o desligando de sua essência e direitos naturais. Tem sua base teórica e conceitual no direito de propriedade intelectual, onde: ex. só o vinho espumante produzido na região francesa de Champagne, tem o direito a carregar em seu rótulo o nome de Champagne, assim como o queijo parmesão todos os outros são vinho e queijos tipo parmesão.
[4] A minoria dominante de origem européia recorria não somente à força, à violência, mas a um sistema de pseudo-justificações, de estereótipos, ou a processos de domesticação psicológica. A afirmação dogmática da excelência da brancura ou a degradação estética da cor preta era um dos suportes psicológicos da espoliação (GUERREIRO apud SOVIK In: WARE (org), 2004, p. 367). [5] O dominador, detentor de poder, adota, segundo suas necessidades, o procedimento de controle da produção coletiva, é por este processo de des-legitimação da auto-afirmação, por menacinismos político-piso-sócio-culturais. Desse processo, a certificação pela intervenção da branquidade se apresenta, o reconhecimento do outro se faz assim por meio de padrões europeus convertidos em norma universal. O Outro totalmente totalmente desinformado a respeito do que realmente seja uma certificação, a abraça de forma psico-patológica. Então o liquidificador da certificação é acionado, a embalagem que garante uma aparência branca aos produtos não europeus. Escondendo uma série de fatores que demonstram o quanto os ISO’s, des-legitimam. Logo a certificação naturalizada como condição sine qua no nas organizações e os que desejam conseguir destaque no cenário nacional e, conseqüentemente, no internacional num mundo onde a norma é branca.
[6] A marca ou sinal de referência, que o valor induz a partir do ideal, que reivindica, veicula um imperativo e, por conseqüência, uma proibição. Razão por que o valor negativo é, indubitavelmente, menos o posto do valor positivo do que a sua inversão, cujo sentido sublinha, de modo irrisório, a precariedade da proibição que o define, e a transformação da sacralidade, que o institui (RESWEBER, 2002, p. 24).
[7] Por uma série de razões, o preto foi cortado dos mecanismos normais de compaixão e de identificação. Foi sobrecarregado pelo peso dos antigos medos associados à sua cor; sofreu as conseqüências de uma imensa barreira cultural, que atingiu seu auge por intermédio da sensibilidade dos europeus em relação à sexualidade não-reprimida; carregou o estigma de todos vícios para os quais a escravidão o empurrou; e o próprio espírito da ciência secular que levou a emancipação à mente européia tendeu a relegá-lo a uma posição de inferioridade natural (DAVID, 2001, pp. 530-531).
[8] Para mais consulte HANSON, Victor Davis. Porque o ocidente venceu – massacres e cultura – da Grécia antiga ao Vietnã. Rio de Janeiro, Ediouro, 2002.
[9] Em Vygotsky, a conversão é o processo de superação e de mediação não estando a questão na internalização de algo de fora para dentro, mas na conversão de algo nascido no social que se torna constituinte do sujeito permanecendo “quase social” e continua constituindo o social pelo sujeito. O eu não é sujeito, é constituído sujeito em uma relação constitutiva eu-outro no próprio sujeito, essa relação é imprescindível para a constituição do sujeito, já que para se constituir precisa ser outro de si mesmo. É necessário o reconhecimento do outro como eu, alheio nas relações sociais, e o reconhecimento do outro como eu próprio, na conversão das relações interpsicológicas em relações intrapsicológicas; mas nesta conversão, que não é mera reprodução, mas reconstituição de todo o processo envolvido, há o reconhecimento do eu alheio e do próprio e, também, o conhecimento como autoconhecimento e o conhecimento do outro como diferente de mim. Porém, o conhecimento não é só reconhecimento, o ato de conhecer pressupõe a experiência e a imaginação, o mundo do imaginário e do possível diferente do mundo real, mas que está estreitamente relacionado com a realidade social. A conversão é entendida como um processo de tornar-se diferente do que era sem deixar de ser o que foi (MOLON, 2003, pp. 98-99, 112).
[10] Para sobre a conversão consulte WEST, Cornel. Questão de raça. São Paulo, Companhia das Letras, 1994.
[11] E ORI é a palavra mais culta porque é o homem, sou EU. Porque é o indivíduo, a identidade. A identidade individual, coletiva, política, histórica. ORI é o novo nome da história do Brasil. ORI talvez seja o novo nome do Brasil. Este nome criado por nós, a grande massa de oprimidos, reprimidos. Reprimidos antes, depois oprimidos, torturados. Transgressores. ORI passa a acompanhar quando o Movimento procura o processo de institucionalização. Os processos abertos da fala (NASCIMENTO apud RATTS, 2007, p, 65).
[12] MUNANGA, Kabengele. Negritude - usos e sentidos. Ed. 2°. São Paulo, Ática, 1988, p. 9. [13] Nascemos para o mundo já como membros de um grupo, ele próprio encaixado em outros grupos e com eles conectado. Nascemos elos no mundo, herdeiros, servidores e beneficiários de uma subjetividade que nos precede e de que nos tornamos contemporâneos: seus discursos, sonhos, seus recalcados que herdamos, a de que servimos e que nos servimos, fazem de cada um e nós os sujeitos do inconsciente submetidos a esses conjuntos, partes constituídas e constituintes desse conjunto (KAES apud Bento, 2002, p. 45).
[14] São aparelhos ideológicos do Estado: igreja, família, educação, justiça, política, sindicato, cultura e informação, têm como função a manutenção e a reprodução social (ALTHUSSER, 2007, pp. 66-72).
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